2 motivos para investir no exterior

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O mundo está cada dia mais conectado, a criação da internet possibilitou essa interação intensa entre países diferentes e distantes.

Entretanto, a interação entre países e economias diferentes já era tendência há milênios antes do surgimento da internet.

Dado esse fato, sempre foi normal países emprestar dinheiro para outros países, em busca de ganhos em juros ou outro objetivo mais específico.

Se você não sabe, emprestar dinheiro, também é uma forma de investimento, porque você está aplicando um recurso com a esperança de ganhar um benefício futuro.

Investir no Tesouro Direto é arriscado?

O benefício que um credor/investidor recebe no futuro ou ao decorrer do período do empréstimo são os juros sobre o valor emprestado.

Logo, a prática de aplicar dinheiro em países diferentes, ou seja, de investir no exterior, também sempre foi comum entre pessoas com recursos o suficiente.

Portanto, o dinheiro já circulava em diversas partes do mundo antes da era da informação que vivemos atualmente.

Afinal, como você acha que reinos e nações travaram guerras, fizeram revoluções, explorações e grandes empreendimentos?

Com certeza, esses eventos não seriam possíveis, se não tivessem investidores por trás fornecendo recursos para tais acontecimentos.

Nesse artigo, irei discorrer os principais motivos para você começar a investir no exterior e os principais riscos ao fazer isso.

1º motivo para investir no exterior é que o Brasil é pequeno em relação ao mundo

A primeira bolsa de valores foi estabelecida em Amsterdã em 1602 para garantir que o público pudesse negociar as ações da Companhia Holandesa das Índias Orientais.

Essa companhia foi um empreendimento criado para importar especiarias da Ásia para a Europa.

Mas, rapidamente as estratégias da Companhia holandesa compreenderam que era muito mais lucrativo atacar as armadas portuguesas e tomar posições, feitorias e fortalezas que os portugueses dispunham no Oceano Índico.

A Companhia transformou-se rapidamente numa máquina de guerra que competia com os portugueses nos principais mercados comerciais asiáticos.

E, fazia guerras, fortalezas e controlava circuitos comerciais. Com o passar do tempo, outros bolsas de valores foram surgindo ao redor do globo para financiar outros tipos de empreendimentos.

Com a ascensão da Inglaterra no século XVIII (1700), Londres (capital da Inglaterra) passou a ser o centro financeiro do mundo e a bolsa de valores da capital ganha relevância mundial.

Atualmente, a London Stock Exchange é a 7º maior bolsa de valores com capitalização de mercado de 4,5 trilhões.

A potência econômica mais recente, os Estados Unidos da América (EUA), possuí as duas maiores bolsa de valores do mundo.

Senda elas The New York Stock Exchange (Bolsa de Valores de Nova York) e a National Association of Securities Dealers Automated Quotations, mas conhecida como NASDAQ.

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Imagem: Consciência de Investidor

Nesse cenário, a bolsa de valores do Brasil, B3, considerando a capitalização de mercado fica em 18º lugar no ranking das 20 maiores bolsas de valores do globo.

A capitalização de mercado é a soma do valor de todas as empresas listadas na determinada bolsa.

Portanto, o mercado de ações brasileiro não chegar a 1 % do total do mercado de ações global, conforme o gráfico abaixo ilustra.

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Imagem: Consciência de Investidor

Se você não investe no exterior, você tem uma carteira concentrada

Logo, se você investir só no Brasil, fica limitado a 1 % das empresas do mundo, ou seja, você terá uma carteira concentrada.

A concentração de carteira é uma espada de dois gumes, sendo um risco pouco compreendido pela maioria dos investidores, podendo ser prejudicial para seu patrimônio.

Uma carteira concentrada pode te levar a ruína e comprometer seus investimentos no longo prazo.

Por outro lado, se você for um investidor dedicado a conhecer seus investimentos, a concentração também pode trazer benefícios.

Os melhores exemplos bem-sucedidos sobre concentração de carteira, são o Luiz Barsi Filho e Warren Buffet.

Ambos, são considerados os maiores investidores de longo prazo de seus respectivos países, e, ambos possuem carteira concentrada.

Entretanto, ambos são investidores acima da média, e são extremamente dedicados a conhecer suas empresas no detalhe.

Por isso a concentração é uma espada de dois gumes, por um lado, concentrar pode render lucros extraordinários.

Em contraste, pode prejudicar seus retornos, se feita de forma rasa e sem acompanhamento constante dos seus ativos.

Se você não é acima da média e não possui recursos para conhecer seus investimentos nos detalhes, a melhor estratégia é ter uma carteira diversificada.

Nessa lógica, se você investe só no Brasil, sua carteira está concentrada em uma moeda, em uma economia, em uma geografia e em uma jurisdição.

As leis feitas pelo poder legislativo, usadas pelo pode judiciário, e executadas pelo poder executivo, tem muito influência sobre a economia do país.

Por isso, investir apenas em uma país, torna a sua carteira concentrada, mesmo se você tiver empresas diferentes de segmentos distintos.

2º motivo para investir no exterior é o aumento do grau de diversificação

Com isso, diversificar seus investimentos, não é só investir em empresas diferentes de setores distintos, é muito mais que isso.

Um dos principais determinantes das nossas vidas, é o clima e a geografia, um livro que discorre um pouco sobre essa questão é os Axiomas de Zurich.

Esse livro comenta um pouco sobre a Suíça. Sendo ela um país sem capacidades de cultivo, sem riquezas minerais e uma área menor do que o Rio de Janeiro.

No livro, o autor explica que mesmo assim, a Suíça é um país rico. Mas, não quero entrar no porquê a suíça ser uma exceção.

Quero destacar que os recursos naturais e o clima são essenciais para determinar a riqueza de um país, por consequência, terá impacto nas empresas litadas em bolsa.

E, um país não detém todos os recursos do mundo, cada país detêm uma riqueza diferente, alguns países são mais avançados em mineração. Outros são mais avançados em cultivo de commodities, como o Brasil por exemplo.

Portanto, se você investir só, e apenas no Brasil, pode perder o crescimento em outros setores ligados intrinsicamente há geografia de um país que não pode ser replicado por países que não possuem o mesmo atributo geográfico.

Diversificação jurídica ao investir no exterior

Outro fator extremamente relevante é a diversificação de jurisdição. As leis do governo dos Estados Unidos, são diferentes das leis do governo brasileiro.

Que são diferentes das leis da China, ou seja, países possuem governos distintos, esses governos podem acabar contribuindo para o crescimento do país, ou não.

Nesse contexto, é válido investir em países diferentes por causa do fator “governança” expresso pelos políticos.

O Brasil, por exemplo, tem uma governança instável em comparação aos EUA, nossas leis (constituição) são novas, não possuem 50 anos.

Enquanto, as leis estadunidenses possuem mais de 200 anos, isso demonstra estabilidade jurídica e previsibilidade jurídica. Investidores amam previsibilidade.

Esse fator é relevante porque ninguém quer ter seu dinheiro confiscado ou sua empresa prejudicada por causa de uma mudança na legislação.

Países com instabilidade jurídica e que mudam sua constituição (leis) com frequência, prejudica a geração e proteção de riqueza, o Brasil é um bom exemplo nessa questão, infelizmente.

Por outro lado, países europeus, nórdicos e norte americanos são mais estáveis, além dos EUA, podemos destacar a própria Suíça, não é atoa que todo mundo quer mandar seu dinheiro para lá.

Diversificação monetária ao investir no exterior

Outro fator de diversificação muito perceptivo no dia a dia, é o fator monetário, o quanto forte e estável é a moeda de uma país?

Quando estou falando de moeda forte e estável, quero dizer moedas que possuem inflação zero ou baixíssima.

Além disso, quero dizer moedas que tem seu valor estável em relação há outras moedas. Nessa lógica, com certeza, o Real não seria uma moeda forte e estável.

Com isso, você provavelmente está pensando no dólar, certo? O dólar, é a moeda mais importante do planeta.

Por três motivos, primeiro é porque seu emissor é o país mais poderoso do mundo, tanto economicamente, quanto militarmente.

Em segundo, é que a inflação dos EUA em média histórica é baixíssima, se você não compreende o fenômeno da inflação, sugiro o artigo abaixo.

O que é inflação e por que ela acontece?

E por último, é que todo mundo usa, aceita e comercializa em dólar. As pessoas confiam tanto no valor do dólar que até as pessoas que não tem a mínima noção de economia adorariam receber algum pagamento em dólar.

Portanto, ter uma parte dos seus investimentos em dólar, considerado que você é um brasileiro, seria uma ótima forma de diversificação.

Além do mais, a tendência de longo prazo, é que o dólar se valorize diante o real, conforme demonstrado no gráfico abaixo desde 1994.

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Imagem: Tradingview

Porque, infelizmente, nossa moeda sofre muito com a inflação. Além disso, o Real varia muito em relação as outras moedas, quanto para cima, tanto para baixo.

Logo, é ruim está exposto a volatilidade, no mundo dos investimentos, quanto maior a volatilidade, maior o risco.

Diversificação setorial

De todas as diversificações possíveis, a setorial é mais fácil de implementar e de compreender, considerando que é algo perceptivo no nosso dia a dia.

Porque tomamos refrigerantes feito pela Ambev (ABEV3), comemos carne da JBS (JBSS3), usamos o computador da Positivo (POSI3).

Compramos os chips da VIVO (VIVT3) ou da TIM (TIMS3) para fazermos ligações, caso precisarmos de roupas, podemos ir às Lojas Renner (LREN3) ou na C&A (CEAB3).

E, se você mora na capital do Estado de São Paulo, como eu, provavelmente a SABESP (SBSP3) que transporta a água.

Por fim, você vai precisar pagar sua cerveja, refrigerante, o churrasco, a internet do celular, suas roupas novas e a conta de água.

Portanto, para pagar todos esses produtos e serviços, você usa sua conta do Itaú (ITUB3), do Santander (SANB3) ou do Banco do Brasil (BBAS3).

Nessa lógica, apenas olhando ao nosso redor, podemos escolher boas empresas de setores distintos para construir uma carteira diversificada.

Pois, cada empresa citada acima, atua em um setor da economia que pode ser totalmente descorrelacionado com outro setor.

Como por exemplo, a variação e riscos das ações da VIVO (VIVT3) é pouco correlacionada (relacionada) com as variações e riscos das ações da SABESP (SBSP3).

Porque são setores totalmente diferentes, com reguladores diferentes, consumidores diferentes, e com serviços prestados totalmente diferente.

Dessa forma, uma carteira com essas duas empresas, estaria diversificada setorialmente. Distintamente, de uma carteira com Santander (SANB3) e Banco do Brasil (BBAS3).

Que são empresas semelhantes, inseridas no mesmo setor, caso ocorrer algo de errado com os bancos, você pode perder todo o seu dinheiro, pensando em casos extremos.

Porque investir em setores no exterior

Mas, se você tem VIVO (VIVT3) e SABESP (SBSP3), dificilmente, você perderia todo seu dinheiro, porque dificilmente aconteceria algo ruim que afetaria o setor de telecomunicação e o setor de saneamento básico na mesma magnitude.

Nesse contexto, você deve estar se perguntando, o Brasil tem centenas de setores diferentes, mesmo assim, preciso investir em outros setores no exterior?

E a resposta para isso é, sim, você não precisa investir em todos os setores da economia, só precisa escolher os setores que você mais entende e se sente confortável para deixar seu dinheiro.

Entretanto, você não pode se limitar a investir apenas em setores do Brasil e no Brasil, por causas dos outros riscos que já foram destacados acima.

Como o risco jurídico de governança, as limitações ligadas à nossa geografia e economia, o risco monetário. Além disso, existem setores em outros países que você não conseguiria investir no Brasil.

Justamente por questões jurídicas, geográficas e econômicas. Como por exemplo, o setor de cannabis, vinho, biotecnologia, funerário, computação quântica, games, inteligência artificial, blockchain etc.

Ou seja, há alternativas mais interessantes e diferentes associadas a crescimento e ao futuro da humanidade no exterior.

Não vale a pena investir no Brasil?

Mas, não entenda errado, isso não significa que os setores tradicionais vão acabar, claro que existe a possibilidade de alguns acabarem.

Porém, isso não acontece da noite para o dia. Outra questão, isso também não significa que os setores tracionais não são rentáveis ou que investir no Brasil não vale a pena.

Ressalto que o objetivo de investir no exterior é diversificar os riscos particulares de cada país. Ao diversificar os riscos, a chance de sucesso no longo prazo com seus investimentos aumenta consideravelmente.

Infelizmente, o Brasil é um país imprevisível, e, destaco mais uma vez, investidores não gostam de imprevisibilidade, eles gostam de previsibilidade.

Já trocamos de moedas dezenas de vezes, já ocorreu golpes militares, cada governo que entra quer fazer uma coisa diferente.

No Brasil, existe projeto de governos, não projeto de país. Essas questões prejudicam o crescimento econômico no longo prazo.

Com isso, não é atoa que alguns países emergentes como Índia (Laranja), Chile (Amarelo) e Indonésia (Azul claro) superam o Brasil (Azul escuro) em PIB per capital (PIB por pessoa), conforme apontado na imagem abaixo.

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Imagem: Tradingview

Mas, mesmo assim, com tantos problemas para ser resolvido, somos um país emergente, com muito crescimento para dar e um valor gigantes a ser destravado.

Logo, nesse cenário, não descartaria investir no Brasil que possuí excelentes empresas que estão prosperando, mesmo em um país complexo e imprevisível como o nosso.

Se você leu até aqui, obrigado pela sua atenção e tempo, espero que esse artigo tenha sido útil e agregador valor para você.

Qualquer dúvida, fique à vontade para comentar ou pode me chamar para conversar no Instagram, toda semana posto algo e respondo perguntas sobre economia e investimentos.

Este post tem 2 comentários

  1. Ivan

    👏👏👏

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