Desde o começo do ano de 2020, analistas de mercado começaram a comentar com mais intensidade sobre a possibilidade de um “Um novo super ciclo das commodities”.
Mas, o que é esse “ciclo das commodities”? O primeiro grande ciclo das commodities também conhecido como “boom das commodities”, começou por volta de 2000.
E terminou em meados de 2014, nesse período, ocorreu uma forte alta dos preços de grande quantidade de matérias primas.
Como as commodities agrícolas (café, milho, soja, trigo, algodão), comodities minerais (minério de ferro, cobre, ouro, prata), e comodities energéticas (petróleo, gás natural etc.).
O índice de preços de commodities acima é um índice ponderado de preços de commodities.
Ele foi projetado para ser representativo da ampla classe de ativos de commodities, como energia e metais.
É um índice que acompanha uma cesta de commodities para medir seu desempenho. O valor desses índices flutua com base nas comodities contidas nele.
Portanto, o índice acima ajuda a ilustrar o primeiro clico de alta dos preços das commodities, e o início do segundo ciclo que estamos vivendo nesse momento.
Dessa forma, nesse artigo explicarei o porquê dessa alta de preços e quais ações são mais beneficiadas nesse cenário.
Crescimento, demanda commodities
No começo dos anos 2000, a economia mundial estava em pleno crescimento.
Nesse contexto, se destaca a China e a Índia, dois países emergentes em plena expansão. Apenas esses dois países asiáticos contêm mais de 30 % de toda a população na terra.
É importante destacarmos isso, para termos noção da capacidade de consumo desses países que estavam em crescimento econômico e populacional entre 2000 e 2010, a demografia de um país tem grande influência sobre a sua economia.
Nessa lógica, temos que ter em mente que quando o PIB de uma economia está crescendo, a renda de uma parte da população dessa economia cresce junto.
Logo, isso gera várias consequências, como aumento do consumo, demanda por moradias melhores, o que eleva a urbanização.
Assim sendo, elevando demanda por construção e alimentos, setores econômicos onde minérios e produtos agrícolas são essenciais.
Com isso, se retomamos os conceitos fundamentais de economia. Quanto mais o produto é demandado, mais seu preço aumenta, pois, os ofertantes querem vender ao maior preço possível.
E, os demandantes, dependendo do grau de necessidade do produto, compram ao preço corrente, mesmo sendo elevado.
Além disso, também temos que considerar que a oferta pode não acompanhar o aumento da demanda, e esse fato, pode gerar escassez, quando algo é escasso seu valor aumenta.
É basicamente, nesse cenário que temos entre 2000 e 2015, o aumento de preços, não só para commodities agrícolas, mas também, para as minerais e energéticas.
A influência dos juros em uma economia e nos preços das commodities
Outro fator importante nesse período, seria o fator macroeconômico. A taxa de juros principal de um país tem uma influência gigantesca em sua economia, podendo impactar toda a cadeia de produção.
Dessa forma, em momentos que a taxa de juros está alta, o capital tende a permanecer parado em títulos de dívida do governo.
Por outro lado, quando a taxa cai, esse dinheiro tende a entrar em circulação na economia, gerando mais produção.
Por consequência, gera mais empregos, logo mais consumo. Com isso, o PIB é impactado positivamente conforme imagem acima demonstra.
Nesse viés, no período do boom das commodities, as principais economias do mundo estavam com taxas de juros baixas comparadas a períodos anteriores.
No gráfico acima, apresento apenas a taxa de juros dos Estados Unidos, pois, geralmente, ela determina todas as taxas de juros do mundo.
Quando os EUA sobem juros, todos os países precisam subir também, a mesma lógica serve quando os americanos descem suas taxas de juros.
Essa questão macroeconômica, também influenciou os preços das commodities.
Veja bem, retomo o gráfico das commodities para comentar que os preços dessas matérias primas, caíram próximo do período de elevação dos juros.
Trago essa observação, para destacar que os juros têm grande importância no crescimento da economia e nos preços das commodities em geral.
Porque os preços das commodities começaram a subir em 2020?
Posto que os crescimentos de países emergentes como China, Índia e outros, junto aos juros baixos geraram o primeiro “boom de preços”.
Porque os preços das commodities começaram a subir em 2020? Atualmente, é possível identificar fatores semelhantes aos da primeira década do século XXI, alguns até mais intenso por causa da pandemia.
Começando pela taxa de juros, se nas décadas passadas as taxas de juros já estavam em seus menores patamares históricos.
Hoje, em muitos países, nem juros tem, na verdade, as taxas de juros estão negativas.
Outro paralelo seria o desiquilíbrio entre oferta e demanda, que atualmente ainda não conseguimos compreender com precisão, já que as economias mundiais ainda não se recuperaram completamente.
Além disso, o presidente Joe Biden, dos EUA, está negociando com o congresso Americano um pacote de quase 2 trilhões de dólares e as projeções para a economia chinesa é que o crescimento continue.
Logo, as expectativas do mercado, é um aumento contínuo de demanda por commodities. Esses pressupostos e paralelos levam os analistas e economistas a especularem os preços em patamares mais elevados.
Já que as commodities energéticas, minerais e agrícolas são a base da cadeia produtiva da economia, com isso, um aumento de preço dessa base, pode gerar um efeito cascata de elevação nos preços.
Ações vendedoras de commodities
Nesse cenário, com os preços das commodities em alta, as empresas que vendem essa categoria de insumo são beneficiadas.
O Brasil, é um dos maiores exportadores de commodities do mundo. As duas maiores empresas do país são a Vale (VALE3) e a Petrobras (PETR4), a primeira é uma das maiores exportadoras de minérios de ferro do mundo.
A segunda, é a maior petrolífera do Brasil, ambas estão gerando muito caixa e pagando dividendos robusto no atual ciclo.
No segmento agrícola de grãos, também temos diversas empresas, como SLC Agrícola (SLCE3), Boa Safra (SOJA3), Brasil Agro (AGRO3), 3Tentos (TTEN3) e Agrogalaxy (AGXY3).
Outro segmento do agronegócio que é relevante na Bolsa de Valores do Brasil e o de carnes e derivados, com JBS (JBSS3), BRF (BRFS3), Mafrig (MRFG3) E Minerva (BEEF3).
Como negociar ações na bolsa de valores?
Além desses segmentos, também temos papel e celulose, petróleo e gás, açúcar e álcool, mineração e outros segmentos relacionados, como siderurgia e fertilizantes.
Respectivamente, as principais empresas ligadas a esses setores são Klabin, Grupo Cosan, CSN mineração, Gerdau e Vittia.
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