A inegável digitalização da economia pelos criptoativos

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Por volta de 12 mil anos atrás, os seres humanos começaram a plantar ao em vez de só caçar. Quando você lê a frase acima isoladamente, parece irrelevante.

Mas se analisarmos o contexto com um olhar econômico e social de forma mais criteriosa, podemos afirmar que foi uma revolução na história humana.

O contexto descrito acima é chamado de “revolução agrícola”, você deve ter estudado isso na escola.

Essa simples transição do nomadismo, que é onde o ser humano está sempre mudando de lugar e procurando por recursos.

Para o sedentarismo, que é quando o homem passa a se estabelecer em apenas um lugar, para plantar e produzir seus recursos.

Essa mudança, gera diversos outros tipos de relações sociais e econômicas distintas das anteriores.

Sem pessoas e recursos, não há como existir um sistema econômico. Por consequência, as características (religião, cultura, hábitos etc.) das pessoas.

E, dos recursos (Terra, água, clima, plantas, animais etc.) disponíveis para essas pessoas, revelam muito sobre o sistema econômico que os envolvem.

Sendo assim, é fácil rotular a economia como uma ciência social. Nessa lógica ela é um produto do desenvolvimento da humanidade e de como os seres humanos lidam com os recursos.

Atualmente, vivemos em um mundo complementa distinto, onde os principais recursos são digitais. Além disso, os criptoativos estão prometendo intensificar essa digitalização.

Mas como chegamos nesse contexto? O que são criptoativos? Por que as pessoas confiariam em um dinheiro que elas não podem tocar ou ver? Esse artigo respondera todas essas perguntas.

Os recursos chave para sobrevivência

No começo da humanidade, quando éramos nômades, a força e capacidade de adaptação era o que definia nossa sobrevivência.

O homo sapiens, vivia mudando de lugar, a procura de abrigo (segurança), e alimentação.

Em alguns casos, eles lutavam com outras tribos por alimento e território, e basicamente era essa a lógica.

Preciso destacar que a alimentação, abrigo e território, eram os recursos chaves para a sobrevivência.

Com o passar do tempo e da evolução do homo sapiens, aprendemos a plantar e a produzir coisas.

Como já dito, isso resultou na revolução agrícola. Nesse contexto, já podemos falar de acumulação de recursos para sobrevivência e relações de trocas (comercio), conceitos primordiais de um sistema econômico.

Anteriormente, podemos dizer que as relações econômicas eram a base da força. Ou seja, o mais forte e mais adaptado conseguia os recursos que precisava para sobreviver.

Na agricultura, é diferente, pois aqui, você precisa compreender o clima, saber plantar, ter terras férteis.

Ou seja, a mudança dos recursos chaves para sobreviver, e é a primeira demonstração de como a informação e o conhecimento podem ser essenciais para o ser humano.

Isso gera, uma dinâmica econômica-social completamente diferente. Entretanto, a força ainda se destaca para conquistar recursos e a guerra ainda é uma forma de acumular recursos e ainda é, até o momento atual da história.

A história da internet

Nesse viés, não é à toa que a ideia de internet começa a ser desenvolvida justamente para facilitar estratégias de guerra.

Sendo assim, ressalto que a lei da força e da guerra sempre foi uma forma de relação econômica. Simplesmente, o conflito é uma forma de conquistar recursos.

A guerra, está presente em toda a trajetória de evolução humano, e a internet é consequência direta dela.

A World Wide Web ou WWW (Rede Ampla Global, em tradução livre ou Rede mundial de computadores), começou a ser desenvolvida no contexto da guerra fria.

A guerra fria foi um conflito ideológico, militar, político e tecnológico entre os Estados Unidos (EUA) e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).

Esse assunto daria diversos artigos, já que desencadeou diversas consequências econômicas.

A guerra entre Rússia e Ucrânia comentada no artigo “Rússia vs Ucrânia, ops EUA vs URSS” é uma delas.

Além disso, a guerra fria é vista como um conflito direto entre socialismo e capitalismo. Dois sistemas econômicos considerados antagônicos.

No entanto, o foco agora é outro. Devido a esse contexto de guerra, os EUA criaram uma agência de defesa nacional em 1958, chamada DARPA.

A DARPA (Defense Advanced Research Projects Agency, ou Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa, em português), ficou responsável por desenvolver uma tecnologia de comunicação que possibilite a troca de informações em qualquer lugar do mundo.

A origem da World Wide Web

Eles conseguiram cumprir o objetivo. Mas com o passar do tempo, essa tecnologia de informação passou a ser aperfeiçoada e estudada por cientista para outras finalidades.

Ela ganhou visibilidade, ao ser implementada em universidades dos EUA. A partir disso, ela passou a ser cada vez mais utilizada e melhorada, se tornando a internet que conhecemos.

O processo de desenvolvimento da internet levou décadas e a DARPA, não foi a única responsável.

Há diversos cientistas por traz da internet, cada uma contribui de uma forma e em períodos diferentes.

Desse jeito, não vou citá-los, pois acho que não contribui para o objetivo do artigo. O foco aqui é demonstrar um pouco, o impacto da internet nas relações sociais e econômicas.

Crescimento de usuários de internet

Fonte.: ONU | Evolução do acesso à internet no Brasil

O gráfico acima, embora desatualizado diz muito sobre a tendencia da internet no Brasil. E, com certeza, em outras partes do mundo, não é diferente.

Segundo o Centro de Estudo sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (CETIC), por volta do ano de 2009, 74 % da população Americana tinha acesso à internet.

Trazendo dados mais atuais. Nesse ano, os números mais recentes do relatório elaborado pela “We Are Social e Hootsuite” de janeiro de 2021, apontam que existam 4,66 bilhões de usuários na rede.

A adesão da humanidade a internet foi muito rápida, em menos de 40 anos, mais da metade da população mundial já acessa a rede.

Quais as consequências disso? O quanto isso foi e é revolucionário para a sociedade?

A revolução da internet

A internet, mudou praticamente tudo. As relações amorosas, educação, consumo, crenças, comportamento, e principalmente como nos comunicamos.

Absolutamente tudo sofreu um determinado grau de influência da internet, principalmente a economia.

Um aspecto econômico que sofreu muito impacto, foi o empreendedorismo. Anteriormente, era impossível uma pessoa pensar em abrir uma empresa sem ter um local físico.

Atualmente, muitos negócios milionários, são desenvolvidos através do Youtube, Google e rede sócias.

Isso, abre margem para uma produtividade mais elevada, com uma economia com mais empregos e oportunidades disponíveis.

A globalização é um outro fenômeno que resume o que quero dizer. Nessa lógica, não quero afirmar só no aspecto da comunicação. Mas também, no aspecto financeiro e produtivo.

Só é possível obter um recurso do outro lado do mundo, porque diversos cientistas desenvolveram essa rede no século XX. O comercio e as transações financeiras, atualmente são feitas por ela.

Anteriormente, as pessoas adquiriam recursos de outras maneiras, viajando de um lugar para outro (nomadismo), fazendo guerra, plantando. No entanto, atualmente, para você adquirir algum tipo de recurso, basta você ter acesso a internet.

Uma breve história sobre o dinheiro físico

Por consequência da internet, as relações econômicas (Acumulação de recursos e relações de troca) passaram a acontecer por essa rede de comunicação WWW.

Por causa da internet, o desenvolvimento de um dinheiro digital era uma questão de tempo.

O dinheiro é uma consequência natural da evolução das nossas relações de troca de recursos.

Escrevo mais detalhes sobre a lógica e surgimento por traz do dinheiro, no artigo “Dólar, por qual motivo essa moeda é tão importante?”.

Portanto, nesse artigo trago um aspecto diferente sobre o dinheiro, e dentro do contexto desse artigo.

Em períodos mais antigos, como dito, a força era o principal “meio” de adquirir outro recurso. Por isso a história é infestada de guerras.

Com o tempo, os humanos foram ficando mais racionais e descobriram que a outras formas muito melhores e menos arriscadas de conseguir recursos.

E essa forma era trocando recursos, assim, o comercio foi se desenvolvendo. Em teoria, para um comercio acontecer, ele precisa ser benéfico para as duas partes.

Nesse cenário, nem sempre a troca de objetivos era benéfica para os dois lados. Pois, não é só porque um objetivo ou recurso é útil para uma pessoa, não significa que pode ser útil para outra.

Esse fato, dificulta uma troca, e por consequência, dificultaria o comercio. Essa problemática, foi resolvida quando os homens aprenderam a lidar com os metais preciosos.

Esses minérios, são um recurso que qualquer pessoa enxerga valor. Por isso se tornou o principal “meio” de adquirir recursos.

Porque, qualquer pessoa trocaria uma certa quantidade de ouro, prata ou bronze, por um recurso que seja de seu interesse.

E qualquer pessoa aceitaria uma determinada quantidade desses mateais. Ou seja, está aí, o “facilitador” perfeito para o comercio (troca).

A era dos criptoativos ou devemos chamar de “recursos digitais”

Em resumo, quero dizer que o dinheiro, substituiu a guerra como “meio” de adquirir recursos.

Por isso, hoje o “estado de guerra” é menor. Entretanto, o dinheiro atual, é um papel, não metais preciosos.

E, somente confiamos nesse papel-moeda, porque o Estado-Governo “válida” ele através de leis.

Nessa circunstância, como seria possível confiarmos em um dinheiro que é digital, não podemos “vê-lo” ou “tocá-lo”.

Surge então, uma outra problemática. É irônico, mas a resposta para esse problema estava na própria comunicação.

A criptografia é uma forma de esconder coisas, ela existe a séculos, e é uma ciência usada para decifrar dados e informações.

Ela sempre foi usada na internet, pois o objetivo dessa rede era se comunicar de uma forma que os soviéticos (URSS) não conseguissem descobrir as informações dos americanos.

E foi através dela que surgiu um das tecnologias mais revolucionários do século XXI. Os criptoativos.

Blockchain e o primeiro criptoativos

Satoshi Nakamoto, é o pseudônimo da pessoa ou do grupo de pessoas que desenvolveu a tecnologia blockchain.

Ela possibilitou o uso de uma moeda totalmente digital, chamada Bitcoin. Blockchain, é como se fosse um livro de registro digital ou um banco de dados.

Esse livro, é totalmente transparente, qualquer um pode ver o que está escrito. Mas ninguém pode alterar o que foi registrado.

Isso acontece porque todas as informações estão “amarradas” em uma cadeia de blocos. Por isso o nome blockchain, é como se fosse uma corrente.

Logo, um novo registro feito é verificado, e será “amarrado” nos anteriores. Os responsáveis por “amarrar” esses registros, são os mineradores.

Eles são computadores com alguma capacidade de processamento e fazem isso resolvendo equações matemáticas.

Logo, o minerador (computador) que conseguir resolver a equação primeiro, terá o código necessário para validar o registro. Em troca desse trabalho, ele ganha bitcoins.

Cada código descoberto pelos mineradores é único e irreplicável. Portanto, pelo menos por enquanto, é impossível falsificar informação na blockchain, isso torna a rede perfeita para transações financeiras.

Essa característica é a que torna as moedas bitcoins únicas. Porque elas também são um código único e irreplicável, gerada na blockchain para recompensar o minerador.

Além disso, essa moeda é limitada, serão apenas 21 milhões de bitcoins gerados, atualmente existe quase 19 milhões.

Outro elemento extremamente importante, é que essa rede é descentralizada. Ou seja, não tem um órgão central administrando e validando a rede, igual um governo, um banco, ou um cartório.

Qualquer pessoa com um computador, internet, energia e poder de processamento pode fazer parte dessa rede.

A valorização do primeiro criptoativos

Esse sistema foi desenvolvido com o objetivo de fazer transações financeiras. Com isso, esse “registro de informação”, pode sim, ser uma transação financeira entre duas pessoas, sem um intermediário/terceiro envolvido.

Essa é a revolução dessa tecnologia, que tem sim, um potencial de ameaçar os bancos e o papel-moeda das nações, como o dólar, euro etc. Porque, essas moedas, sofrem com a inflação, e são controladas por governos.

Geralmente, os governos não são cuidadosos com suas moedas, o Brasil por exemplo, já teve 9 moedas.

Logo, para países com moedas fracas, a bitcoin acaba sendo uma alternativa interessante. El Salvador, foi o primeiro país a adotá-lo, creio que não será o último.

Diversas empresas, como Tesla, já começaram a aceitar essa criptomoeda. Por consequência, das características da bitcoin.

Senda elas, a escassez, a independência de qualquer órgão maior, impossibilidade de falsificação, descentralização.

Por essas qualidades, pessoas, instituições e países vem valorizando o criptoativo e aumentando a demanda por ela, esse fato, é refletido no preço conforme gráfico abaixo.

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Fonte .: Yahoo finance | Imagem : Consciência de Investidor

A digitalização da riqueza pelos criptoativos

O projeto Bitcoin, foi o primeiro, após ele, sugiram diversos outros criptoativos. Essas moedas digitais que sugiram depois da bitcoin, são denominadas de altcoins, sendo elas criptoativos alternativos. 

Atualmente são mais de 12 mil cripto moedas, elas foram desenvolvidas com o objetivo de aprimorar alguns pontos fracos da bitcoin.

Todas essas invenções, internet, criptoativos, reforçam a tendencia da digitalização da economia. Isso é inevitável,

Os recursos chaves para a sobrevivência, passam a ser os “recursos digitais (criptoativos)”. Os governos já sabem disso, eles até estão desenvolvendo suas moedas digitais também, o PIX no Brasil, é o reflexo disso, e o possível embrião de um Real digital.

Além disso, há diversas outras tendencias acontecendo agora mesmo, esse artigo provavelmente terá uma segunda parte.

Pois, é impossível, comentar sobre a digitalização da economia sem falar das tendencias dos jogos online e da realidade aumentada.

O conjunto de redes sociais, jogos online, realidade virtual e criptomoedas, gerou o debate sobre um possível “metaverso”.

Esse conceito é algo embrionário ainda, mas traz possibilidades infinitas para nossa sociedade.

Uma economia virtual, com novas relações de acumulação e troca está muito próxima de acontecer.

A riqueza da economia de uma nação, atualmente, não está ligada só a petróleo, ouro e produção de máquinas, como carros, aviões.

A riqueza está sendo digitalizada bem na nossa cara, através de informações, dados, softwares e “criptoativos”. É apenas mais outra revolução acontecendo.

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